Com a aproximação de uma nova temporada de incêndios na
Mantiqueira, o Blog relembra tópico apresentado na última reunião do CONAPAM em
2015, no município de Cruzeiro. Naquela ocasião o assunto foi conduzido pelo
então chefe da APASM, Julio Botelho.
O ano de 2015 foi marcado por condições desfavoráveis impostas
por cortes orçamentários determinados pelo governo federal, o que levou a uma decisão de que não houvesse contratação de brigadistas de incêndio. A recomendação foi
revertida depois de passados dois meses da temporada de incêndios, devido aos argumentos da APA da Serra da Mantiqueira constantes na Nota Técnica nº 11/2015, resultando em um prazo de contratação de quatro meses, ao invés
dos usuais seis meses.
O treinamento dos brigadistas ocorreu em Passa Quatro com a
formatura de um efetivo de 15 pessoas. Destes, 14 foram contratados. As
condições de cortes orçamentários não permitiram a formação de novos
voluntários (em 2014 haviam sido formados 4), e nem de proprietários rurais e
seus representantes (em 2014, foram formados 3).
A APASM, que normalmente mantinha um esquadrão com 7
brigadistas, foi autorizada a trabalhar com dois esquadrões. Enquanto que a
FLONA (Floresta Nacional) de Passa Quatro, que possuía dois esquadrões, perdeu um.
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Ilustração que mostra os municípios incluídos na pronta resposta do raio de ação de 50 km da sede da APASM. Para melhor visualização, clique sobre a imagem. |
Os esquadrões da APASM, por uma questão prática de
efetividade, atuam como pronta resposta dentro
de um raio de ação de 50 km
da sede da APA em
Itamonte. Os demais municípios contidos na área da APASM
acabam sofrendo de uma deficiência no que diz respeito a efetividade de um
apoio da APASM no combate a incêndios, uma vez que,
nestes casos, há necessidade de preparação da logística
de alimentação e abrigo para os brigadistas, o que nem sempre é possível. Quando
estas premissas são atendidas há a atuação da brigada APASM como foi no caso do
apoio ao incêndio no Parque Estadual de Campos do Jordão (2014).
Em 2015 houve um total de 19 registros oficiais de incêndios
na área de ação da brigada, o que é uma incidência considerada muito baixa para
os padrões normais. Especula-se que este número “modesto” explica-se devido ao
inverno chuvoso (não houve período mais longo do que 18 dias corridos sem
chuvas) e à grande incidência de incêndios no ano de 2014, que teria reduzido a
quantidade de material combustível para queimar no ano de 2015.
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O gráfico de incêndios por ano é referente a toda área da APA da Serra da Mantiqueira e indica a tendência de diminuição do número de incidências após um ano de grande incidência de fogo. Para melhor visualização, clique sobre a imagem. |
Principais deficiências apontadas no trabalho de combate a
incêndios na APASM:
- O atraso com que o alerta de fogo chega à sede da APA –
Este problema pode ser resolvido através da nomeação de pontos focais nas
comunidades e municípios, que ficariam encarregados de fazer o contato com a
APA.
- Rádios para comunicação – Em 2015 a APASM recebeu através
de acordos de compensação, dois aparelhos de rádio, para instalação em seus veículos, e uma unidade de mesa. É necessário acordo com o Ministério Público
para que sejam indicados mais equipamentos já para o ano de 2016.
- Quando um novo brigadista é formado, apesar de ele vir com
o conhecimento técnico para o desempenho da função, ele carece de experiência
de campo.
- Ausência de uma integração de ações entre as brigadas de
UCs e municípios da APA.
Ações que representariam um avanço na questão de combate a incêndios na APASM:
- Aumento do efetivo de combatentes com a criação de
brigadas municipais e dos sindicatos rurais
- A criação de uma rede de comunicação abrangente em todo o
território da APASM, áreas de preservação, unidades de conservação, zonas
urbanas e áreas rurais.
- Melhorias na logística de combate: quem vai combater
aonde, que horas que vai chegar, quem vai chegar primeiro, se vai haver combate
noturno, determinação de pontos focais nos locais de ocorrência, questões de
alojamento e alimentação.
- Ações de educação ambiental na tentativa de diminuir o
número de incidências através da conscientização. Uma das maiores causas dos
grandes incêndios é a renovação de áreas de pastagem.
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Talvez os municípios mostrados no gráfico a seguir devessem ter prioridade no que diz respeito a um trabalho de conscientização. Para melhor visualização, clique sobre a imagem |
Panorama para o ano de 2016:
Agora, maio de 2016, já há informes de queimadas ocorrendo
pelo Vale do Paraíba mas por enquanto, nas áreas altas da APA as coisas ainda
estão quietas.
Porém, as incertezas são as mesmas do ano passado: Para o ano de 2016 os esquadrões de brigadas de combate a
incêndio florestais foram reduzidos de 7 para 5 elementos (1 chefe e quatro brigadistas),
tanto a APA da Serra da Mantiqueira como a FLONA Passa Quatro foram
contempladas cada uma com dois esquadrões, que já foram treinados na semana de 16 a 20/05 e aguardam
autorização de contratação. As duas unidades já foram avisadas pela Coordenação
de Emergências Ambientais – COEM do ICMBio que não estão autorizadas as
contratações a partir de 01° de junho, como era o usual.
Semana passada, em reunião do CONPEPS (Conselho do Parque Estadual da
Pedra Selada), em Visconde
de Mauá, o representante do PNI (Parque Nacional do Itatiaia) leu o
seguinte informe:
"A brigada de prevenção e combate aos incêndios
florestais do PNI, para o ano de 2016, sofreu redução de 50% de seu
quantitativo, possuindo apenas 1 brigadista na região de Visconde de Mauá.
Neste sentido, a ação dos guarda-parques do PESP se torna fundamental para as
ações de prevenção e controle dos incêndios na região de Visconde de Mauá.
Dificilmente o PNI conseguirá apoiar ações de controle este ano na região".