quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Monitoramento e Manutenção de Trilhas da APA da Serra da Mantiqueira

Texto de Mantiqueira Bem* e analistas da APASM


*  O MantiqueiraBem é um movimento para preservação ambiental da Mantiqueira iniciado em São José dos Campos.


Com a participação de Voluntários, o ICMBio desenvolve ações de monitoramento e manutenção de trilhas da APA da Serra da Mantiqueira.

O objetivo é garantir a qualidade da experiência do visitante e promover a sustentabilidade ambiental das trilhas.

Uma inédita articulação entre gestores públicos ambientais, proprietários, montanhistas e ambientalistas vem realizando ações de monitoramento da visitação e manutenção de trilhas da APA da Serra da Mantiqueira. Esses temas ganham importância durante a temporada de montanhismo que ocorre entre os meses de junho a outubro, quando o clima favorece a prática. Ecossistemas de montanha são frágeis e o aumento da presença humana nessas áreas frequentemente causam impactos ambientais negativos, tais como: abertura irregular de áreas de camping, deposição de lixo e fezes e fogueiras. 

Em consequência, já é possível verificar desequilíbrios como proliferação de ratos, e avistamento de outros animais em busca de alimento, como lobos-guará e tamanduás, incomuns nessas áreas.

Isso somado ao aumento do pisoteio, que além de danificar as trilhas e dificultá-la ainda mas a cada temporada, causa danos às áreas de nascentes, favorece a instalação de processos erosivos e o assoreamento dos córregos. Trilhas mais difíceis também têm maior risco de acidentes.

A APA da Serra da Mantiqueira é uma unidade de conservação federal do grupo de uso sustentável que, diferentemente de um Parque Nacional, não tem portaria de entrada, pois é composta por terras privadas. Assim, não há como ter um controle restritivo da visitação. Por isso a ação dos voluntários, gestores, proprietários, montanhistas e ambientalistas é fundamental para que se tenha uma gestão ambiental integrada desse território. O mais interessante é que todos os esforços se unem para a sensibilização de guias e montanhistas, tornando a experiência na montanha sempre melhor. Por isso é tão importante que todos assinem os livros-cume e se envolvam nos mutirões de manejo de trilha que ocorrem com frequência. Os guias são protagonistas, pois são responsáveis pelos seus grupos e fazem toda a diferença na redução dos impactos na montanha, ensinando o comportamento fundamental neste ambiente.

Se você também sente o chamado da montanha e que colaborar, fique ligado: reuniões e mutirões acontecem frequentemente. Divulgue onde estão os livros cumes: Picos dos Marins, Pico do Marinzinho (novo), Pico do Itaguaré, Capim Amarelo, Pedra da Mina e Picos dos Três Estados. As informações registras nos livros já estão sendo sistematizadas e servem para gerar estatísticas que darão base para ações de gestão ambiental e de manejo da visitação.

Se você é guia ou montanhista, na próxima vez que planejar ir para a montanha, preencha o formulário online que foi elaborado pela Câmara Temática de Montanha, que faz parte do Conselho Consultivo da APA da Serra da Mantiqueira. Com isso você estará colaborando para a gestão ambiental das trilhas mais incríveis da nossa região.

No último dia 15 o grupo fez um levantamento em campo da trilha que dá acesso ao Pico do Itaguaré. Nessa expedição de reconhecimento o grupo identificou os trechos mais críticos e estimou o material necessário para as intervenções de manejo. O próximo passo será marcar a data do mutirão e unir forças para recuperar e manejar essa importante trilha.

Se você puder ajudar com a doação de materiais para as ações acima, entre em contato com a APASM pelo e-mail visitacaoapaserradamantiqueira@icmbio.gov.br ou com a Campanha MantiqueiraBem via e-mail: mantiqueirabem@gmail.com.

Enquanto isso, confira o Manual Completo de Comportamento na Montanha para que você possa incentivar outras pessoas a preservar a nossa Mantiqueira durante suas aventuras. 

O movimento MantiqueiraBem (link para Facebook) está constantemente produzindo materiais educativos para conscientizar e educar os visitantes. Acompanhe, compartilhe essas informações e ajude a mudar essa história!

Pico do Itaguaré visto da Pedra Redonda, 
imagem de Juliane Januncio



sexta-feira, 9 de agosto de 2019

Relato de Ações do Grupo de Voluntariado da APASM no Âmbito da Câmara Temática de Montanhas (CT-Montanhas) do CONAPAM



Data: 25/07/2019
Evento: Mutirão para Manejo de Trilhas
Local: Pico dos Marins

O esforço contou com a participação de voluntários, brigadistas, equipe de manejo de trilhas do Parque Nacional do Itatiaia (PNI) e moradores da região. Foram escolhidos três trechos distintos de acesso ao Pico do Marins, são áreas alagadas (charco), bastante impactadas pelo forte pisoteio dos caminhantes e que acabam por pressionar faixas marginais de córregos.

A atividade se iniciou com a distribuição dos presentes em 3 equipes distintas, de quatro a seis pessoas. Cada um dos grupos continha pelo menos um voluntário que passou por capacitação específica durante Curso de Manejo de Trilhas, realizado em 2018, para representantes do Mosaico de Unidades de Conservação da Serra da Mantiqueira.

O grupo maior, composto basicamente pela equipe de manejo de trilhas do PNI e dois guias experientes da região, tinha como objetivo dar continuidade ao trabalho iniciado no dia 14/06, que consistia na implementação de uma passagem de pedras na área conhecida como Charco, situado nas coordenadas geográficas 22°29'40.11"S e 45° 7'8.20"O, e que, de acordo com o Plano de Manejo da APASM (Portaria ICMBio 1046/2018), localizado em Zona de Conservação da Vida Silvestre - ZCVS.

Equipe procurando blocos de pedras para utilização nos trechos úmidos.
Região do Charco -  Pico dos Marins.
 

A larga experiência da equipe de manejo de trilhas do PNI nesse tipo de situação foi imprescindível para o sucesso do trabalho. O repasse desse conhecimento aos guias é fundamental para que a atividade seja continuada de forma independente e ao longo de todo o ano, já que a visitação no local vem aumentando significativamente nos últimos anos e a vegetação vem sendo bastante pressionada.

Os outros dois grupos menores, compostos basicamente por brigadistas e voluntários, concentraram as ações de manejo na porção mais inicial da trilha de acesso ao “Morro do Careca”, onde realizaram diversas intervenções tendo como principal objetivo o melhor direcionamento da água do escoamento superficial, minimizando assim impactos no leito da trilha, que se localiza em Zona de Uso Restrito  - ZUR, segundo o Plano de Manejo da APASM.

Trechos da trilha onde foram implantados piso utilizando rochas da região,
A medida ajuda a evitar impacto de pisoteio nas áreas mais sensíveis da trilha.

Esse trabalho contou com o apoio da Fazenda Saiqui, que disponibilizou toda a madeira de eucalipto utilizada no trabalho, assim como também com a equipe de funcionários do Refúgio Base do Marins que deu apoio especial com a alimentação para toda a equipe.

Por fim, entende-se que há necessidade de continuidade nas ações de manejo ao longo das trilhas, preferencialmente nos locais mais utilizados no dia a dia, especialmente durante a temporada de montanha. Ressalta-se que as próximas ações de mutirão devam ser realizadas em outras trilhas da APA, preferencialmente na subida do Pico do Itaguaré, ou no Capim Amarelo, principal acesso utilizado para a travessia da Serra Fina que vem sendo também bastante pressionado.

Os proprietários vizinhos ao local vêm demonstrado forte interesse em apoiar as atividades, já que conjuntamente com a APASM se sentem mais apropriados quanto a problemática, evitando transtornos futuros.

Brigadistas do PNI e da APASM, trabalhando para direcionamento lateral da água,
ao longo da estrada de acesso. 



Data: 01/08/2019
Evento: Organização dos livros de cume
Local: Casa da Cultura,  município de Passa Quatro (MG)

Na reunião dos voluntários tirou-se as seguintes determinações:

1) O livro de cume do Pico do Marinzinho deverá ser padronizado da mesma maneira que os do Marins, Itaguaré, Capim Amarelo, Pedra da Mina e Três Estados. Decidiu-se confeccionar mais 10 livros para o Marinzinho.

2) A partir da próxima leva de livros, eles deverão vir com uma numeração e campos com as datas de colocação e de troca, para cada livro, além do nome do voluntário responsável pela troca do livro, já que nem sempre isso é feito pelo mantenedor.

3) Formato padrão para as caixas de armazenamento. Ficou definida a instalação de 3 (três) novas caixas: No Marins (uma vez que a de lá está muito pequena e fácil de molhar o material), Marinzinho e Três Estados.

4) Determinou-se voluntários para: fazer um levantamento dos custos e construção das caixas, e levantar recursos para a compra de material (através de campanhas, doações, etc).

5) Foram definidos os mantenedores e responsáveis pela troca de livros de cume.

6) Quanto a sistematização dos dados dos livros, existe uma pendencia (que já vem sendo resgatada por voluntário) relativa ao livro de 2018 da Pedra da Mina, e a partir de então a padronização decidida será incorporada nos novos livros. Serão construídas novas planilhas, que incluam os dados das trocas dos livros e outros, com a apresentação dos resultados obtidos para fins de políticas
públicas locais que justifiquem propostas de conservação para a região.

7) Uma visita técnica na trilha de acesso ao Pico do Itaguaré está sendo planejada para a data de 14 ou 15 de agosto, com a finalidade de quantificar o material necessário para o manejo, e conversar com parceiros em busca de doação de material. Posteriormente deverá-se definir data para ação de manejo nesse trecho, possivelmente 2 dias.

8) Quanto ao formulário de preenchimento que vem sendo construído pela CT-Montanhas, foi muito discutido como será feito sua divulgação, principalmente junto às redes sociais, assim como o trabalho realizado pelos livros cume.